Em entrevista ao EMPREENDER EM GOIÁS, o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, afirma que todos os ramos do cooperativismo goiano têm apresentado crescimento neste ano. Mesmo aqueles, como do agronegócio, enfrentam problemas.

“O cooperativismo tem uma capacidade enorme de resistir a crises, como foi na pandemia. Para se ter uma ideia, em 2023, a receita bruta das cooperativas goianas registradas na OCB/GO alcançou R$ 30,9 bilhões, aumento de 47% em 12 meses”, diz.

O presidente do Sistema OCB/GO também avalia que cada vez mais os goianos olham as cooperativas como modelo de negócio, embora a maioria destaca mais o lado social do setor.

Sobre as eleições municipais, Luís Alberto Pereira destaca que as cooperativas podem ajudar a buscar soluções nas regiões onde atuam, gerar trabalho e renda. “Afinal de contas, cooperar e fazer parcerias para o bem de todos está no DNA do cooperativismo”, afirma. Confira os principais trechos:

Como está sendo este ano para as cooperativas goianas? Crescimento? Quais os maiores desafios enfrentados atualmente?

As cooperativas goianas têm apresentado um crescimento constante há mais de uma década. E em todo esse período o Brasil passou por momentos de crise e que cobraram do setor produtivo muita adaptação e resiliência. Mas essas são justamente duas características marcantes do cooperativismo. Por isso, o cooperativismo tem uma capacidade enorme de resistir a crises, como foi na pandemia. Para se ter uma ideia, em 2023, a receita bruta das cooperativas goianas registradas na OCB/GO alcançou R$ 30,9 bilhões, aumento de 47% em 12 meses. Em 2024, os desafios surgiram para alguns ramos do cooperativismo, como o Agro, por exemplo, por conta das questões climáticas e previsão de quebra de safra. Contudo, mesmo assim, temos cooperativas do setor que seguem investindo em estrutura e ganhando novos cooperados.

Quais segmentos têm apresentado maior crescimento? E quais apresentam dificuldades?

As cooperativas do ramo crédito em Goiás têm apresentado um crescimento grande nos últimos anos. Elas movimentaram cerca de R$ 40 bilhões em 2022. É o ramo com maior número de cooperados, mais de 80% do total. Mas, em geral, todos os segmentos têm crescido, uns mais outros menos. As cooperativas de saúde também têm crescido, oferecendo serviços em diversas áreas, médica e odontológica para os usuários dos serviços de saúde. O ramo habitacional também tem demonstrado crescimento. Quanto às dificuldades, acredito que pequenas e médias cooperativas enfrentam desafios em infraestrutura e logística, o que pode limitar seu acesso a mercados e aumentar os custos operacionais. A falta de acesso a tecnologias avançadas pode reduzir a competitividade dessas cooperativas.

O senhor lançou o desafio das cooperativas alcançarem faturamento anual de R$ 50 bilhões até 2027. Como está a meta?

Estamos trabalhando com algumas estratégias para atingir essa meta. A intercooperação, por exemplo, ou seja, a realização de negócios entre diferentes cooperativas pode gerar sinergias e oportunidades de crescimento mútuo. Buscamos também fomentar a presença das cooperativas em mercados nacionais e internacionais, o que pode proporcionar novas oportunidades de faturamento. Fazemos investimento contínuo em formação profissional também, por meio do SESCOOP/GO, para garantir uma gestão eficiente e inovadora das cooperativas.

Como o senhor avalia o avanço do cooperativismo na percepção da população como modelo de negócio?

Uma pesquisa de imagem coordenada pelo Sistema OCB e divulgada em abril, mostrou o quanto as pessoas estão familiarizadas com os conceitos do cooperativismo. A análise indica uma mudança positiva nessa percepção da população, 88% consideram o cooperativismo atual, inovador e alinhado com a realidade da sociedade hoje. No entanto, é interessante observar que a percepção continua mais voltada para o aspecto social do que para o econômico. Por isso, é importante continuarmos trabalhando para destacar valores que mostram que o cooperativismo tem o lado social, mas também é um modelo de negócio importante.

Este ano teremos eleições municipais. Como as cooperativas podem colaborar com os futuros prefeitos no desenvolvimento econômico e social dos municípios?

As cooperativas já desempenham um papel crucial no desenvolvimento econômico e social de vários municípios. Elas contribuem para a criação de empregos, promovem a inclusão financeira e produtiva, e ajudam a reduzir as desigualdades. Além disso, as cooperativas têm experiência em desenvolvimento local. Elas podem contribuir promovendo a elaboração de políticas públicas e principalmente parcerias com as prefeituras. Acho que as cooperativas podem ajudar a buscar soluções nas regiões onde atuam, gerar trabalho e renda. Afinal de contas, cooperar e fazer parcerias para o bem de todos está no DNA do cooperativismo.

Qual a avaliação que o senhor faz sobre regulamentação da Reforma Tributária proposta pelo projeto de lei complementar (PLP) 68/2024?

É fundamental que o texto da Reforma Tributária registre de forma clara que o ato cooperativo está sujeito a uma regra de não incidência tributária. Além disso, é indispensável garantir o crédito das operações anteriores para viabilizar o cooperativismo em todos os seus ramos. Estamos fazendo um trabalho para uma nova redação desse texto para manter as características do cooperativismo.

No que diz respeito à inovação do cooperativismo, quais são as ações da OCB/GO?

O Sistema OCB/GO está na vanguarda da inovação no cooperativismo, promovendo uma série de iniciativas transformadoras que visam modernizar e fortalecer as cooperativas goianas. Por meio do nosso hub de inovação, o InovaCoop Goiás, realizamos ações como capacitação e formação de excelência, consultorias especializadas, incubadora de cooperativas e eventos com startups. Em novembro, vamos promover em Goiânia, a Coops Party 2024, o maior evento de inovação do cooperativismo brasileiro. Serão três palcos temáticos, um verdadeiro hub de conhecimento e networking. Além disso, temos promovido hackatons, como o GO!Coop, que já teve duas edições, fomentando a geração de ideias e projetos inovadores para as cooperativas goianas. Promovemos duas viagens internacionais de intercâmbio, levando as equipes vencedoras das edições do GO!Coop para conhecer e aprender no Vale do Silício e também para o ambiente de inovação tecnológica da China.

Fonte: Empreender em Goiás